Oxossi (Osósì/Odé) é o rei de Ketu (Nação do Candomblé), segundo dizem, a origem da dinastia. A Oxossi são conferidos os títulos de Alaketu, Rei, Senhor de Ketu, e Oníìlé, o dono da Terra, pois em África cabia ao caçador descobrir o local ideal para instalar uma aldeia, tornando-se assim o primeiro ocupante do lugar, com autoridade sobre os futuros habitantes. Na história da humanidade, Oxossi cumpre um papel civilizador importante, pois na condição de caçador representa as formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a própria busca incessante do homem por mecanismos que lhe possibilitem se sobressair no espaço da natureza e impor a sua marca no mundo desconhecido. A colecta e a caça são formas primitivas de busca de alimento, são os domínios de Oxossi, orixá que representa aquilo que há de mais antigo na existência humana: a luta pela sobrevivência. Oxossi é o Orixá da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar os perigos da mata e vai em busca da caça para alimentar a tribo. Mais do que isso, Oxossi representa o domínio da cultura (entendendo a flecha como utensílio cultural, visto que adquire significados sociais, mágicos, religiosos) sobre a natureza. Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxossi, pois, como revela a sua história, esse caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra. Oxossi é o melhor naquilo que faz, está permanentemente em busca da perfeição. Em África, os caçadores que geralmente são os únicos na aldeia que possuem as armas, têm a função de salvar a tribo, são chamados de Òxó, que significa guardião. Oxossi também foi um Òxó, mas foi um guardião especial, pois salvou seu povo do terrível pássaro das Iyá-Mi (Mãe feiticeira, as bruxas). Outras histórias relacionadas com Oxossi apontam-no como irmão de Ogun. Juntos, eles dominaram a floresta e levaram o homem à evolução. Além de irmão, Oxossi é grande amigo de Ogun – dizem até que seria seu filho, e onde está Ogun deve estar Oxossi, as suas forças completam-se e, unidas, são ainda mais imbatíveis. Oxossi mantém estreita ligação com Ossain (Òsanyìn), com quem aprendeu o segredo das folhas e os mistérios da floresta, tornou-se um grande feiticeiro e senhor de todas as folhas, mas teve que se sujeitar aos encantamentos de Ossain. A história mostra Oxossi como filho de Iemanjá, mas a sua verdadeira mãe, segundo o mais antigos, é Apaoká a jaqueira, que vem a ser uma das Iyá-Mi, por isso a intimidade de Oxossi com essa árvore. A rebeldia de Oxossi é algo latente na sua história. Foi desobedecendo às interdições que Oxossi se tornou orixá. Tal como Xangô, Oxossi é um Orixá avesso à morte, porque é expressão da vida. A Oxossi não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente. O frio de Ikú (a morte) não passa perto de Oxossi, pois ele não acredita na morte.
Características dos filhos de Oxóssi
Os filhos de Oxossi são pessoas de aparência calma, que podem manter a mesma expressão quando alegres ou aborrecidas, do tipo que não exterioriza as suas emoções, mas não são, de forma alguma, pessoas insensíveis, só preferem guardar os sentimentos para si. São pessoas que podem parecer arrogantes e prepotentes, e às vezes são. Na realidade, os filhos de Oxossi são desconfiados, cautelosos, inteligentes e atentos, seleccionam muito bem as amizades, pois possuem grande dificuldade em confiar nas pessoas. Apesar de não confiarem, são pessoas altamente confiáveis, das quais não se teme deslealdade; são incapazes de trair até um inimigo. Magoam-se com pequenas coisas e quando terminam uma amizade é para sempre. São do tipo que ouve conselhos com atenção, respeita a opinião de todos, mas sempre faz o que quer. Com estratégia, acabam por fazer prevalecer a sua opinião e agradando a todos. Por vezes são altos e magros, os filhos de Oxossi possuem facilidade para se mover, mesmo entre obstáculos. O seu andar possui leveza e elegância. A sua presença é sempre notada, mesmo que não façam nada para isso acontecer. Os filhos de Oxossi gostam de solidão, isolam-se, ficam à espreita, observam atentamente tudo que se passa à sua volta. Curiosos, percebem as coisas com rapidez, são introvertidos e discretos, vaidosos, distraídos e prestativos, comportamento típico de um caçador, provedor do seu povo.
Dia da Semana: Quinta-feira
Cor: Azul-Turquesa (no Candomblé)
Símbolos: Ofá (arco), Eruexin/Eruxin (confeccionado com rabo de boi)
Elemento: Terra (florestas e campos cultiváveis)
Domínios: Caça, Agricultura, Alimentação e Fartura
Saudação: Okê Arô!!! Arolé!
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